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O QUE IMPORTA ENSINAR NA ESCOLA?

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 9 de jan. de 2017
  • 3 min de leitura

Quanto tratamos de educação, temos basicamente três concepções epistemológicas que procuram explicar o ato de ensinar.

A primeira, o Apriorismo, trata o conhecimento como algo inato ou programado na bagagem hereditária; o Empirismo, que acredita que o conhecimento é algo que entra pelos sentidos e, por fim, a Epistemologia Genética, que nega o Apriorismo e o Empirismo.

Nas minhas andanças pelas escolas, tenho observado pais buscando a escola e perguntando: "Qual é a metodologia da escola? A escola é construtivista?".

Aprendi com o saudoso Prof. Ernest Sarlet, durante o curso de Pós-Graduação em Administração Escolar, que propostas que terminam com "ismo" não levam a nada.

E é fato. O Apriorismo e o Empirismo são alguns dos "ismos" da educação. Mas, não se espantem. O "Construtivismo" também é. Não pela sua origem e pela sua essência, mas pela forma como tem sido apresentado pelas escolas.

Por isso, prefiro o uso da "Epistemologia Genética", que considera como ponto de partida a herança biológica, mas é na troca entre o indivíduo e o meio que surge o conhecimento, passando pela assimilação e acomodação do organismo.

Daí vem o conceito de interação, no meio educacional. Professores tem dificuldade em distinguir Proposta Pedagógica e Metodologia e, muitas vezes, confundem os dois conceitos. Proposta Pedagógica é amplo, tem uma dimensão macro. Metodologia é o meio. É como se faz para chegar aos objetivos da Proposta Pedagógica.

Ora, se eu considerar uma Proposta Pedagógica que prevê a troca entre o indivíduo e o meio, passando pela assimilação do organismo e, na sequência, desacomodação e nova assimilação, preciso ter uma metodologia que me permita a operacionalização deste conceito. Caso contrário, é retórica e mero conceito.

A metodologia usa a metáfora de uma espiral. Eu apresento o tema, por intermédio de um objeto, um livro, um filme, um jogo didático, uma dinâmica, etc. Apresentado o tema, preciso desafiar o aluno e desacomodá-lo. Acompanho o seu desenvolvimento e, na acomodação, interfiro com novo desafio. Esta relação é uma relação de acomodar/desacomodar e precisa ser acompanhada de momentos avaliativos.

Este é o processo. O aluno precisa sentir-se desacomodado, incompleto. Danilo R.Streck (2012) comenta com propriedade que "o desejo do ser humano de transcender é inerente à consciência da sua situação de incompletude. Assim, a busca pelo conhecimento de maior valor incomoda as pessoas em época e cultura diferentes.

Os "ismos" da educação não são comportamentos recentes. As instituições escolares costumam repetir tentativas de inovação, aderindo facilmente a uma proposta, sem ter certeza da sua eficácia. Costumo denominar estas de "pseudo-inovações".

Segundo Thomas Wood Jr. (2001), "inovação é o desenvolvimento e a implementação de novas ideias em um contexto institucionalizado e ocorre com mudanças na estrutura, na estratégia, na cultura, nos sistemas e em outras variáveis organizacionais."

Por outro lado, Peter McLaren (1992) considera que "as escolas servem como repositórios de sistemas rituais, considerados como transmissores de códigos culturais que moldam as percepções e maneiras de compreensão dos estudantes."

A Epistemologia Genética ainda está longe do dia a dia das escolas. Mas, como este processo acontece (ou deveria acontecer) realmente na escola? De que forma a organização escolar consegue lidar com as estruturas que fazem parte do indivíduo, sua interação com o meio, criando um currículo que seja capaz de atender esta expectativa, sem receber a forte influência das alterações da legislação educacional e geral e da cultura da comunidade local?

Nas últimas décadas, podemos observar o grande objetivo das escolas: colocar alunos na Universidade. Convenhamos, é simplista demais, mas é o que vemos por aí.

Para praticar a Epistemologia Genética na escola, temos que, como educadores, partir do mesmo viés da teoria, ou seja: devemos primeiro “desaprender”, para depois “reaprender”. Devemos avaliar nosso trabalho e nossas escolas. Quem estamos formando? Quem já formamos? Onde estão aqueles que as nossas escolas formaram?

Na história da educação brasileira, temos dois grandes momentos: na ditadura, tivemos que "calar a boca" e, na democracia, "ninguém escuta".

De que forma, podemos constituir uma escola, que organize os seus processos de tal forma que possa buscar a perenidade, entendida como o que é contínuo e durável.

Uma possibilidade de resposta talvez esteja na dialética da autonomia e da dependência da comunidade local, dos pais e da família.

Uma escola que perdure, que seja perene é aquela que tem uma proposta pedagógica consistente, com uma metologia coerente e eficaz e que busca a inspiração na comunidade e nas ciências exatas e sociais a inspiração para a formulação do seu projeto pedagógico.


 
 
 

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